(Publicado na Revista Suindara nº 10 - 2008)
Portrait da AVL na esteira do tempo
Antônia Izanira Lopes de Carvalho
Patrono: José Martiniano de Alencar
Eis o tempo presente, quando o ontem se veste de futuro e em sua passagem e mudanças delineou um retrato de uma Instituição, nascida, talvez, de um sonho absurdo. E qual seria essa utopia? Levar a literatura a uma comunidade com o destino traçado de se tornar o pólo cultural e universitário de uma região. Banhada pelo Rio Doce, ornada por uma ilha de inúmeros matizes e uma elevação montanhosa que guarda ainda os registros do botocudo, sinalizador de sua bravura no alto da serra. Valadares tinha outras ambições, tão nobres quanto as lutas desempenhadas pelos dominadores do passado: a liberdade como flanco maior de suas realizações. E como marco maior o incentivo de ser livre, com a bandeira da educação. Educação e livros. Assim se molda uma sociedade fadada à verdadeira cidadania.
Nasceu, portanto, a Academia de um desejo muito claro para seus fundadores: a disseminação da leitura como porta-voz de uma comunidade voltada para um belo futuro, em que as gerações aprendessem com a experiência dos escritores, como a luta e a sensibilidade dos poetas e prosadores fossem captadas não apenas como evasão própria de romancistas, mas também como um compromisso com a justiça social, a ética, o aprimoramento de um ser moldado para a bondade primeira.
Claro está que no início, a idéia de se abrigar uma Academia voltada para as letras não foi bem compreendida por todos. Mas contávamos com o temo e a tradição da cidade voltada para a evolução e aprimoramentos humanos. E a luta não foi em vão. Contudo, embora hoje, tenhamos o fruto sadio desse sonho, devemos nos lembrar dos obstáculos que tivemos de superar. Dentre tantos, a ausência de uma sede que pudéssemos rotular como refugio da cultura e das letras, onde elas pudessem repousar suas ideias. Muitas administrações passaram nesses trinta e três anos de existência e como sempre, livro, educação, sempre tiveram seus créditos minorados por um sistema de visava outros interesses e em que o poder gerenciasse as forças.
Mas calados e persistentes seguimos na trilha escolhida como norte de nossas aspirações. Por vezes desanimados, por vezes cansados, entretanto, sem deixarmos de lado o sonho primeiro: disseminar o livro, abrigar o sentimento, multiplicar a razão e o referencial sobre o mundo tão necessitado da paz e da justiça defendidas pelos escritores de todo os tempos. Alem disso, devemos acrescentar que temos hoje a sede, por sermos a única instituição reconhecida como de utilidade publica com poder para requisitar junto a outros órgãos governamentais um lugar para os livros da Biblioteca Publica, a fim de que eles decentemente tivessem abrigo.
E aí está a Academia Valadarense de Letras sendo útil à comunidade em que se inseriu. Provamos com o tempo que nossa eternidade encontra-se no dever de ampliar o leque cultural, apoiar aqueles que desejam se aprimorar na busca de um mundo mais humano e fraterno, trazendo como instrumento a palavra e como código sagrado o livro.
Discípulos somos de outras figuras que se prostraram no passado como guardiões da sabedoria: os antigos acadêmicos, os velhos gregos que nos incentivaram com seu pensamento e seu mundo de idéias. Sócrates, Aristóteles, Platão e suas obras imorredouras. Mais tarde, o lirismo de um Francisco de Assis na Idade Média, e de padre José de Anchieta nos bravos sertões de um Brasil recém-nascido.
Hoje trilhamos a esteira de Alencar, de Machado, dos árcades, simbolistas e denunciadores que tanto germinam no Modernismo de Trinta e que deixaram seu exemplo para que outras academias abram mais portas para receber os adeptos desejosos de um universo feliz, por ser gerenciado por sentimentos nobres e que guardam nos corações a esperança de que os verdadeiros valores não se apaguem como poeira de estrelas.
Portrait da AVL na esteira do tempo
Antônia Izanira Lopes de Carvalho
Patrono: José Martiniano de Alencar
Eis o tempo presente, quando o ontem se veste de futuro e em sua passagem e mudanças delineou um retrato de uma Instituição, nascida, talvez, de um sonho absurdo. E qual seria essa utopia? Levar a literatura a uma comunidade com o destino traçado de se tornar o pólo cultural e universitário de uma região. Banhada pelo Rio Doce, ornada por uma ilha de inúmeros matizes e uma elevação montanhosa que guarda ainda os registros do botocudo, sinalizador de sua bravura no alto da serra. Valadares tinha outras ambições, tão nobres quanto as lutas desempenhadas pelos dominadores do passado: a liberdade como flanco maior de suas realizações. E como marco maior o incentivo de ser livre, com a bandeira da educação. Educação e livros. Assim se molda uma sociedade fadada à verdadeira cidadania.
Nasceu, portanto, a Academia de um desejo muito claro para seus fundadores: a disseminação da leitura como porta-voz de uma comunidade voltada para um belo futuro, em que as gerações aprendessem com a experiência dos escritores, como a luta e a sensibilidade dos poetas e prosadores fossem captadas não apenas como evasão própria de romancistas, mas também como um compromisso com a justiça social, a ética, o aprimoramento de um ser moldado para a bondade primeira.
Claro está que no início, a idéia de se abrigar uma Academia voltada para as letras não foi bem compreendida por todos. Mas contávamos com o temo e a tradição da cidade voltada para a evolução e aprimoramentos humanos. E a luta não foi em vão. Contudo, embora hoje, tenhamos o fruto sadio desse sonho, devemos nos lembrar dos obstáculos que tivemos de superar. Dentre tantos, a ausência de uma sede que pudéssemos rotular como refugio da cultura e das letras, onde elas pudessem repousar suas ideias. Muitas administrações passaram nesses trinta e três anos de existência e como sempre, livro, educação, sempre tiveram seus créditos minorados por um sistema de visava outros interesses e em que o poder gerenciasse as forças.
Mas calados e persistentes seguimos na trilha escolhida como norte de nossas aspirações. Por vezes desanimados, por vezes cansados, entretanto, sem deixarmos de lado o sonho primeiro: disseminar o livro, abrigar o sentimento, multiplicar a razão e o referencial sobre o mundo tão necessitado da paz e da justiça defendidas pelos escritores de todo os tempos. Alem disso, devemos acrescentar que temos hoje a sede, por sermos a única instituição reconhecida como de utilidade publica com poder para requisitar junto a outros órgãos governamentais um lugar para os livros da Biblioteca Publica, a fim de que eles decentemente tivessem abrigo.
E aí está a Academia Valadarense de Letras sendo útil à comunidade em que se inseriu. Provamos com o tempo que nossa eternidade encontra-se no dever de ampliar o leque cultural, apoiar aqueles que desejam se aprimorar na busca de um mundo mais humano e fraterno, trazendo como instrumento a palavra e como código sagrado o livro.
Discípulos somos de outras figuras que se prostraram no passado como guardiões da sabedoria: os antigos acadêmicos, os velhos gregos que nos incentivaram com seu pensamento e seu mundo de idéias. Sócrates, Aristóteles, Platão e suas obras imorredouras. Mais tarde, o lirismo de um Francisco de Assis na Idade Média, e de padre José de Anchieta nos bravos sertões de um Brasil recém-nascido.
Hoje trilhamos a esteira de Alencar, de Machado, dos árcades, simbolistas e denunciadores que tanto germinam no Modernismo de Trinta e que deixaram seu exemplo para que outras academias abram mais portas para receber os adeptos desejosos de um universo feliz, por ser gerenciado por sentimentos nobres e que guardam nos corações a esperança de que os verdadeiros valores não se apaguem como poeira de estrelas.
0 comentários:
Postar um comentário