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  1. Como é difícil dizer adeus!

    quinta-feira, 18 de outubro de 2012







    Maria Cinira dos Santos Netto
    Patrono: Euclides da Cunha

    À noite, quando o sino badalava para o recolhimento no dormitório, organizávamos nossas saias de tropical inglês sob o lençol e, enquanto as organizávamos, íamos rezando, pedindo a Deus proteção para nossa alma, se por acaso naquela noite fôssemos chamadas.
    Depois as orações continuavam, agora em latim; não sabíamos o que estávamos rezando, mas rezávamos...
    Assim iniciamos a construção de nossa história pessoal, tempo que deixou profundas marcas em nossas vidas, período que nos ajudou a caminhar nos dias atuais, mesmo quando a vida nos oferece dores e tempestades.
    Uma menina-moça de nome Niza Diniz, era nossa colega de internato no Colégio Santa Clara, da cidade de Itambacuri. Sua família era oriunda do Naque, naquela época, um distrito de Valadares.
    Niza alimentava a vida com a alegria e a avidez de quem cultiva a eternidade; em qualquer grupo de alunas em que estivesse presente, ali estava a felicidade e a esperança. Abominava a tristeza e desde a adolescência era solidária e respeitosa com seus amigos e com ela própria, todos sedentos por dignidade. Amava a qualidade das pessoas, desconhecia o rancor, a inveja e a maldade. Era uma amiga constante, sempre movida pela sensibilidade, aquela que amparava os amigos em silêncio.
    Ao deixar a adolescência, sentia-se feliz como esposa e como mãe, tinha prazer em ser presença na vida de seus netos. Mulher vaidosa, inteligente, culta, discreta e orgulhosa de sua independência intelectual. Fazia questão de socializar seus conhecimentos literários com as pessoas que deles necessitavam. Era uma relatora de sonhos, uma pescadora de horizontes.
    Hoje os sinos choram de saudades, dobram de dor pela sua partida, mas o seu espírito continua vivo entre nós. Não podemos vê-la, não podemos ouvi-la, mas sentimos o calor de sua alma aquecendo nossos corações e nos dando força para prosseguir, reencontrando pedaços de nossas vidas que se perderam no tempo e no caminho.
    Nossos pensamentos e nossa imaginação são suficientes para estarem em várias vidas, encantando nossa alma e transbordando de lembranças. Em noites de lua cheia, fixaremos nossos olhos no firmamento e veremos estrelas piscando e nos enviando boas novas; com certeza, nesse céu estrelado e de lua cheia, estará Niza, espalhando alegria e buscando devaneios.
    Tinha paixão pelo cônsul Aluízio de Azevedo, amava seu estilo, composições oriundas da escola Naturalista, patrono da Cadeira 19 que hoje a imortaliza. Em seus textos literários e em suas belas poesias, colocava sua religiosidade, suas emoções, e seus encantamentos. Era na beleza da literatura que se revelava e deixava partes de sua alma voar em busca do infinito.
    Desejava ver o nome de seus confrades atravessar fronteiras, ganhar o mundo. Era a companheira que com palavras remendava a nossa alma e levantava nosso ânimo.
    Neste momento, quando as lembranças invadem nossas vidas, o sussurrar da brisa soa como sua voz, e entre murmúrios pediremos ao vento que conduza seu espírito aos céus, em uma viagem de devaneio e encantamento.
    Adeus Niza! Que o vento e a brisa a aconcheguem e a conduzam para o altar do Pai!

  2. 1 comentários:

    1. Os exemplos motivam as palavras arrastam. Professora Niza nos acolhia a todos com elegância e simpatia. Que Deus a tenha em boníssimo lugar.

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